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sexta-feira, 22 de novembro de 2013
Talvez todas as histórias devessem começar com um “era uma vez...” e terminar com “ Felizes para sempre” mas nós sabemos que não é assim.
Essa história começa em uma escola, talvez a mais assustadora de todas ou simplesmente o ambiente normal de qual quer adolescente. Um ano atrás foi quando tudo aconteceu, mas para você entender melhor essa história precisaríamos começar bem do início.
CAPITULO 1
Alexia, Caroline, Amanda, Nicole e Carla eram grandes amigas. Algumas já se conheciam há mais tempo, entretanto outras eram mais chegadas. Um ano se passou desde que Alexia e Caroline se conheceram e em tão pouco tempo elas já haviam construído uma amizade que parecia durar anos e mais anos. Eram sempre as meninas que passavam as aulas rindo, conversando, mas no final do bimestre as notas sempre eram boas. Porém algo incomodava Alexia, ela tinha um segredo sombrio que nunca contara a ninguém. A menina carregava uma maldição hereditária que a obrigava a se transformar em uma criatura horrorosa, peluda, fora de controle, forte e com fome, muita fome de carne humana, uma lobisomem. A maldição era passada de seus antepassados até a atualidade e seus filhos deveriam sofrer com a mesma maldição. Alexia e Caroline passavam muitas noites rindo, comendo brigadeiro e vendo filmes em sua maioria de terror já que era o gênero que mais agradava as duas meninas. Caroline não desconfiava de nada já que com algum tempo de transformação, para ser mais exata, desde os seus sete anos de idade a transformação não a machucara tanto e devido a uma fatalidade ela pudera se transformar quando quisera ou não se transformar que na realidade era o que agradava a menina. Era início de 2013, novos professores, novos alunos e a mesma rotina. Era chegada a hora de ver em que turma as meninas tinham ficado, se haviam ficado juntas ou em turmas diferentes. Caroline foi até a escola para pegar os nomes, mas havia um problema, Alexia, sua melhor amiga tinha ficado em uma turma diferente da sua. Assim que descobriu isso ligou para a menina e começou a falar, Alexia sabia que era só esperar um pouco para mudar de turma, mas não sabia que demoraria tanto. A chegada de uma nova aluna despertou interesse em Caroline e incomodo em Alexia por não ir com a cara da garota logo no início. O nome dela era Sarah, tinha cabelos pretos e pele branca. A garota não era muito chamativa, mas fazia o estilo patricinha. Apesar de Carol também pertencer a esse estilo, ela não era fresca e por isso Alexia não se incomodava tanto já que a menina pertencia a um universo mais escuro mesmo tendo escondido seu lado romantico. As duas amigas eram totalmente do contra, se uma preferia preto a outra ficava com o rosa, se uma queria praia a outra piscina, se uma queria cinema a outra teatro, em tudo elas discordavam mas isso só deixava as coisas mais interessantes e elas conseguiam ver isso. Isabella também era aluna nova, mas ela tinha um diferencial das demais, ela já era conhecida desde a infância por Caroline e também se dava bem com Alexia. Isabella era o tipo de menina engraçada e brincalhona. Amanda, Nicole e Carla que já eram antigas na escola se tornaram grandes amigas, principalmente Amanda e Nicole que assim como Alexia e Caroline tinham uma amizade de tempo curto, mas que já parecia uma vida. O ano começou, primeiro dia de aula como sempre agitado e novas amizades foram de formando. Todas as meninas ficaram na turma 802 enquanto só Alexia foi transferida para a turma 801. Alexia não queria e não iria ficar sozinha nas Aulas, sua melhor amiga do 6º ano também estava na turma 801 e elas duas foram logo dando um jeitinho de se aproximar, mas além delas duas também tinha uma nova menina na sala, Gabriela se parecia muito com Maria Rita e muitas vezes eram até alvo de brincadeiras como “cadê sua irmã gêmea?” Elas três passavam as aulas conversando e rindo, mas Alexia também prestava atenção na matéria, não queria perder o bom boletim do ano passado nem passar pelo sufoco de prova final. Quando chegavam os intervalos Alexia e Caroline aproveitavam para colocar a conversa em dia e falar, claro, dos meninos novos. Os dias se passavam e as melhores aulas eram sempre dos professores Miguel e Flavão, professores de artes e matemática. Todos os alunos ficavam espantados com a inteligência que Flavão carregava consigo e todo o seu ar divertido também os encantava. Mas em especial, Miguel encantava Alexia de tamanha forma que era difícil de explicar, o professor carregava um olhar doce e ao mesmo protetor e isso a encantara de uma forma estrondosa. Chegou o dia em que finalmente Alexia iria mudar de turma para ficar em companhia de suas melhores amigas, Nicole, Carla que conhecia há mais tempo e Caroline que era mais próxima. As meninas ficaram, claro, super animadas com a chegada de sua amiga na turma. O primeiro dia da garota na nova turma foi normal, todas queriam sentar do seu lado e Sarah que sentava com Caroline se sentiu excluída já que a dupla “infalível” como Alexia às vezes brincara de chamar estava de volta. Alguns professores estranharam a mudança da menina, mas não disseram nada e continuaram a dar suas aulas normais. Dentre todos eles que passavam várias vezes pela sala dando suas aulas havia um que era lindo, tinha o nome de Fernando e sempre estava rindo e brincando com os alunos, chamava e muito, a atenção de todas as meninas, ou pelo menos, a maioria delas. Alexia e Sarah não conversavam muito, mas Caroline tentava de certa forma aproximar as duas meninas.
CAPITULO 2
Quando finalmente a semana acabou, logo veio um final de semana e todas elas marcaram de ir ao cinema, ao chegar ao shopping às meninas se encaminharam a fila do cinema, já que a quantidade de gente na fila demorou um pouco. Após comprar os ingressos e a pipoca, Sarah, Amanda, Alexia, Caroline, Carla e Nicole seguiram rumo ao filme. O filme em cartaz escolhido pelas meninas se tratava exatamente de um mundo que Alexia queria esquecer, o mundo dos lobos. Ela sabia que nada daquilo era verdade, a maldição não era um conto de fadas como o filme gostava de tratar, lobos não eram cachorros, a espécie era traiçoeira e ela mal sabia no que fazia quando se transformara naquela espécie, seu cérebro queimava e o seu corpo virava uma espécie de caminho desconhecido, mas a menina não queria pensar em nada disso, estava ali para se divertir e era isso que ia fazer. Caroline que muito se encantava com esse tipo de filme, desejando a todo o momento viver tudo aquilo, queria prestar atenção em cada detalhe. Alexia acabou ficando com Amanda e se divertindo muito, mas Caroline não gostava disso, ela achava que as meninas deveriam ficar caladas e prestar atenção no filme. Para não atrapalhar, Alexia e Amanda mudaram de lugar no cinema já que a sessão estava vazia. Ao final do filme, Alexia não gostou e da mesma opinião compartilhou Amanda e Isabella. O resto das meninas tinha idolatrado o filme. Quando já no final Alexia foi falar com Caroline, a menina simplesmente a ignorou. Alexia odiava ser ignorada mais que qual quer coisa, tentou falar com Caroline, mas a mesma nem deu bola, ao aumentar a voz para tentar obter resposta de sua amiga, a mesma continuou calada. Alexia sabia que era arriscado, ela não podia ficar nervosa, não a ponto de sair do controle, mas ela não teve controle o suficiente. Seus olhos mudaram do castanho escuro que possuíam normalmente por uma cor avermelhada, alaranjada, era difícil de descrever. Com medo de que alguém visse e com o pouco controle que lhe restava, Alexia saiu do pátio principal onde estavam todas as outras meninas e partiu em rumo ao banheiro para poder se acalmar. Quando chegou ainda tinham algumas pessoas e a loba já estava mais calma, sem força bruta ou olhos com uma cor diferente. Isabella entrou no banheiro com uma expressão afoita.
-Eu sei de tudo.                                                              -Sabe o que?                                                          -Para de tentar esconder, é tão claro, você é sobrenatural.                  -Sobrenatural? Eu?                                                        -Não adianta negar. Eu vi seus olhos, eu sinto, eu consigo sentir a maldição que você carrega. Sua força, seus olhos.                                               -E como você pode ter tanta certeza?                                          -Eu sei, eu sinto, por que eu também sou uma lobisomem.                                      -Você? Você é uma loba?                                                                    -Prefiro a expressão lobisomem, mas pode se dizer que sim.                                             –Eu pensei que só existisse isso na minha família.                                           –Pensou errado, como pensou errado... existem milhares iguais a gente.
Seguidas dessas palavras, Alexia ficou desorientada. Ela não sabia o que nem como falar. Aquela informação era muito para a garota e diferente dela, Isabela parecia calma e tranquila.
-Não me olhe assim, sou apenas uma de você.                                          –É isso o que me assusta, nunca conheci outra de mim. Sofri muito com essa maldição, a cada noite de lua cheia era uma dor forte, insuportável, parecia mortal, até conseguir em fim o controle.                                                              –Blá, blá, blá... Chega de se lamentar garota, o que você tem é um dom. Pare de fazer o papel da pobre coitada e aproveite.                                                 –Como pode falar assim? Isso não é um dom é uma maldição.                        –Vem comigo.                                                              –Pra onde?                                                                    -Não precisa ficar com medo Alexia, sou sua amiga e se você não quiser ninguém precisa saber.                                                                        
Isabella puxou a mão da menina ainda receosa a carregando para longe de tudo e de todos. Perto do cinema havia um terreno abandonado e foi para lá onde Alexia foi levada. Isabella se transformou na asquerosa criatura enquanto sua amiga ficava espantada com tamanha facilidade. Ela não queria nunca mais saber daquela maldição, mas sabia que não havia jeito, por mais que ela não se transformasse, a garota conseguia escutar a longa distância, se comunicava com alguns animais e sentia dores, ainda que fracas em noites de lua cheia. Era quase impossível deixar a maldição de lado, apenas uma pessoa fazia Alexia esquecer o seu lado obscuro, apenas uma pessoa conseguia fazer parecer que tudo estava bem. A menina confiou em sua amiga e em poucos momentos já não reconhecia seu corpo, tinha o trocado por um corpo peludo que andava de quatro. Isabella conseguia se comunicar com a sua amiga sem usos de palavras quando estavam naquela forma e por isso não foram preciso usos de palavras.
-Vamos você pode fazer tudo o que quiser.                                             –Do que está falando?
Isabella deu um pulo com um impulso forte e foi parar em cima do muro que era alto. Alexia achou aquilo divertido, nunca pudera imaginar que aquilo tinha um lado divertido. Ela tentou fazer o mesmo, mas como não tinha o mesmo tempo de prática que sua amiga, sem treino acabou não conseguindo com sucesso subir em cima do muro, apenas deu um pulo, o pulo mais alto que já tinha dado. Voltou ao lugar que estava antes e dessa vez o pulo foi com todo impulso e força que conseguia.
-Eu consegui, consegui.                                                                      –Você conseguiu, mas agora precisamos ir... Não podemos ficar aqui por muito tempo sem que elas sintam nossa falta.                                            –Isso é verdade, mas realmente quero saber como estraremos peladas sem que ninguém perceba.                                                                         –Como assim peladas?                                                            -Você realmente não percebeu que ao nos transformarmos com roupa elas rasgaram ne?          
Isabella olhou para cima e para baixo e fitou os olhos de sua amiga.
-No calor do momento vale tudo.                                                                       –Então me diga agora senhora experiência, que roupas vamos colocar?                                          -Espere um minuto?
*****
Isabella voltou a sua forma humana, ainda com seu instinto, encontrou duas meninas andando em uma rua pouco longe dali.
-Oi, com licença... Poderiam me ajudar?                                             
As meninas estranharam o fato de a garota estar nua e ficaram assustadas por fortes arranhões que continha no corpo. Sem obter resposta Isabella continuou...
-Preciso das suas roupas, AGORA.
As meninas riram, porém logo que perceberam que ela não estava pra brincadeira, começaram a correr. Isabella era mais rápida, mesmo em sua forma humana continha instintos animais. Ao ultrapassar as duas meninas sem grande esforço, causou ainda mais medo nas vítimas.
-Me deem suas roupas.                                                           –Ou o que?
Isabella não gostava de afrontas e levou essas três palavras como uma, sem pensar muito, andou até o lado da menina e torceu seu pescoço de maneira brusca, agiu e fria.
-Ou você morre, ops, já morreu!  
Olhou para a menina que a acompanhara e completou...
- A próxima é você, CORRE !
Sem pensar duas vezes ela se disparou a correr, quando olhou para trás a tal menina tinha desaparecido, não havia nem vestígio do corpo da outra garota. Se sua amiga não tivesse sido morta por uma menina fora de controle e nua, ela juraria que aquela era uma noite normal e tranquila. A menina parou der repente, olhando para trás sentiu uma respiração forte e quente em seu cabelo, tinha medo de virar, mas precisava. A menina viu, era como um cão mas era afrontador, parecia ter saído de um filme de terror, era um lobo com um porte imenso, era assustador, era feroz. A boca do monstro continha um líquido vermelho, o cheiro era podre, ele estava com alguma coisa amarrada, eram tecidos? Na verdade eram roupas e a menina sabia que conhecia aqueles trajes, eram suas, ou melhor, estavam poucos momentos antes no corpo de sua amiga. Quando ela caiu na real, estava deitada no chão, nua, com o corpo sangrando e lutando contra a morte. Em um movimento rápido, a loba mordeu sua cabeça e sem muita força já conseguira a deixar inconsciente, dessa vez para sempre.
*****
Isabella voltou ao terreno já como humana e carregando duas mudas de roupa.
-De onde você tirou isso sua louca?                                           -Matei duas meninas e roubei suas roupas.
Alexia faz cara de surpresa e logo depois cai na gargalhada.
-Você ta brincando comigo neh?                                                       -Claro que sim. Você acha que eu faria uma coisa dessas?                                    -Eu e você podemos nos transformar em lobos. Acho que sim, tudo é possível !
Isabella deu uma muda para sua amiga e começou a vestir a outra, arrumaram o cabelo que estava todo bagunçado, pegaram seus objetos que estavam no chão e se dispararam a correr o que para elas naquele momento não era nada difícil.
*****
Chegando ao shopping que era imenso, não acharam as outras meninas e sem pensar duas vezes Alexia pegou seu celular e ligou para Caroline.
-Oi Carol...                                                                         –Onde você está? A Isabella está com você? O que aconteceu? Por que você sumiu?              -Ué, você não estava puta comigo?                                                       -Como você disse “estava”, passado. Mas me fala o que aconteceu.
Alexia permaneceu em silêncio.                                     
Com sua audição apurada e com o mínimo de concentração Isabella conseguia ouvir a conversa das duas e quando percebeu que Alexia não tinha planejado nenhuma resposta, pegou o celular da mão de sua amiga.
-Carol, aqui é a Isabella. Desculpa, a culpa foi toda minha. Sabe como é ne? Vimos uma loja de roupas e bolsas, todas lindas e ainda estava em promoção.                                 -Mas onde vocês estão agora?                                                           -Estamos na praça de alimentação e você?                                                   -Também estou, mas não consigo te ver... Pera!
Após desligar o telefone Caroline deu um susto em Alexia e Isabella e pela reação das duas meninas, todas as outras começaram a rir.
-Em que loja vocês estavam? Falou Carol.                                                    –Em uma loja animal. Respondeu Isabella
Alexia começou a rir e depois soltou um ar de repreendimento e as duas lobas se olharam de certa forma a dar a entender que realmente, só elas duas captaram a mensagem.
Amanda estava com fome e deu à ideia de todas elas irem comer, todas adoraram a ideia e cada uma delas estava pensando no que iriam escolher. Alexia e Caroline optaram por uma batata inglesa, Amanda foi no Mc Donald’s, Sarah pediu uma pizza pequena que dividiu com Nicole e para a surpresa de todas, Isabella não queria comer, ela insistia em dizer que não estava com fome e foi exatamente nesse momento em que Sarah percebeu uma mancha na roupa de Isabella.
-Isa, o que é isso na sua roupa?                                                   -Aonde?                                                                                -No seu braço, parece sangue.                                                                    –Ou é molho de tomate.
Todas as meninas riram menos Alexia que se lembrou do que Isabella tinha dito para ela, será que não era mesmo uma brincadeira? A garota fitou Isabella com tal receio e a lobinha percebeu e fez um sinal negativo com a cabeça. Todas acabaram de comer e foi quando Isabella chamou Alexia para ir ao banheiro.
-Vou ao banheiro. Alexia vem comigo?                                               -Ahãm.
Alexia sabia que não vinha coisa boa e ela também queria falar com Isabella.
Para sua surpresa e felicidade o banheiro que não era muito grande estava vazio e foi quando Alexia começou. 
-Isso na sua blusa, isso é sangue, eu posso sentir, eu quero...                                 –Você quer? O que você quer?                                                    -Esse não é o ponto, você matou duas pessoas. Você matou duas inocentes.                             –Essa sempre vai ser sua fraqueza, você não pode sentir pena, assuma quem você é. Nós duas somos assassinas e você precisa aprender a lidar com isso.                             –Eu não posso, eu não quero.                                                         –Você já matou uma pessoa, eu sei, senão você não teria pleno controle de se transformar quando quisesse. Quem foi?                                                      -Não interessa.                                                                            –Me fala quem foi garota, você já fez, coloca isso pra fora, me diz quem você matou.
Alexia já estava em prantos quando desabafou.
-Minha melhor amiga, ou ex melhor amiga, eu não queria, mas foi mais forte que eu, ela estava machucada e eu simplesmente, eu tentei a ajudar e...
Alexia fez uma pausa, engoliu o choro e continuou.
-Tínhamos 10 anos.                                                              –E é isso que te deixa fraca, é por isso que você tanto defende a Caroline. Pare de se importar com as pessoas e pense mais em você, desfrute do seu lado obscuro, faça coisas jamais pensadas garota, aproveita!                                                            -Aproveitar? Você não percebe? Se você é como eu, significa que nós não somos as únicas. Como saberemos se algumas delas ou qual quer pessoa que nos cerca é quem diz ser.                                                                      -É ai que está não temos como saber ao certo e pra isso você precisa parar de se importar. Você sabe que tem esse poder de acabar com as suas emoções.                                          –Eu já fiz uma vez e não quero fazer de novo por que acabando com os sentimentos que me restam eu mataria todas elas sem problemas e você sabe disso.                                  
Alexia ainda estava chorando um pouco e foi quando Nicole entrou no banheiro.
-Está tudo bem? Ta chorando por quê?                                                  -Entrou um cisco no meu olho.                                                               –Nem que todos os seus ciscos caíssem nos seus dois olhos você choraria tanto. Essa desculpa é mais velha que a minha vó, mas tudo bem, se não quiser falar não fala, mas realmente precisamos ir.                                                            Alexia, o pai da Carol vai te levar. Isabella também vai com a Carol. Eu vou com a Sarah e com a Amanda.
As meninas foram saindo uma a uma do banheiro. Quando chegaram à mesa onde estavam todas antes, Sarah não estava lá. Acharam que ela devia estar em alguma loja, ou restaurante comprando alguma coisa, mas o coração de Alexia disparou quando viu Sarah saindo do banheiro.
-Oi Isabella, oi Alexia.                                                                      –vo, você estava no banheiro há muito tempo?                                                           -Pouco antes de vocês entrarem, sim.                                               
Isabella sabia que ela tinha escutado tudo e agora sabia de tudo, mas não iria se entregar.            
-Pelo visto você ama mesmo um banheiro ne? Der repente é por que o seu futuro está lá.               –Ou o seu, acabou lá... Vai saber neh!
As meninas foram se despedindo uma a uma a beijos e abraços quando chegou à vez de Sarah abraçar Alexia que foi um abraço nada prazeroso seguido de um sussurro.
-Eu ouvi tudo.
Alexia não sabia o que fazer então ficou quieta. Cutucou Isabella e falou...
-Você vai dormir na minha casa hoje, precisamos conversar.
Isabella sabia do que se tratava, nem precisava pensar muito e balançou a cabeça fazendo um sinal de “sim”.
*****
Todas as meninas entraram nos carros que as iriam levar para suas. No meio da noite, Isabella saiu de seu quarto pela janela, abriu a porta da sua casa e saiu fugida. Depois de muito caminhar chegou à casa de Alexia.
-Nossa, pensei que não viesse mais.                                                –Tenta fugir lá de casa pra você ver.                                        –Ué, por que não pediu pra sua mãe?                                                     -Por que ela não ia deixar e, além disso, não queria que ela desconfiasse de nada. Sua mãe não está em casa?                                                                   -Não, ela saiu. Estamos sozinhas para falar sobre o que quisermos.                                                        –Eu ouvi o que a Sarah te falou. O que ela pretende?                                       -Se eu soubesse você acha que eu teria te chamado?                                             -Não precisa dar patada ta?                                                            -Desculpa Isa, eu estou nervosa. Se ela realmente ouviu tudo, ela sabe que eu matei uma pessoa e sabe o que você fez naquela noite que até agora não concordo e ainda o que somos.                                                                             –É por isso que eu te falei pra aprender a lhe dar com os seus sentimentos.                                –E se ela resolver contar isso pra alguém, e se ela resolver usar isso contra a gente?
As duas meninas escutaram um barulho, era a mãe de Alexia chegando.
-Se esconde isa.                                                                  –Onde?                                                                   -Ai meu deus, vai pra baixo da cama e fica lá até eu dizer que você pode sair.                –Ta, ta.
Isabella se escondeu rapidamente em baixo da cama no mesmo segundo em que Alexia deitou fingindo que estava dormindo e Mara, a mãe da menina abriu a porta.
-Filha?                                                                           -Oi mãe. (disse alexia com voz de sono)                                                       -Eu sei que você está acordada e sei o que você estava fazendo.                               –O que eu estava fazendo? (disse Alexia assustada, mas tentando desviar a tensão)                         -No computador, e pode desligando.                                                                        -Ta, ta mãe, vou desligar. Boa noite! (disse Alexia com voz aliviada)
A mãe da menina fechou a porta e foi em direção ao seu quarto. Alexia levantou de sua cama e foi até sua porta, abriu-a e olhou no corredor para ver se sua mãe ainda não estava por lá. Nada dela, com sinal verde para Isabella, a loba saiu debaixo da cama e sentou sobre a mesma enquanto Alexia foi no quarto de sua mãe para conferir se ela realmente estava dormindo. Mara estava deitada em sua cama vendo televisão e prestando tanta atenção no programa que nem percebeu a filha ali por míseros 3 segundos. A menina voltou para seu quarto e tomou um pequeno susto ao ver Isabella de pé olhando para uma foto que estava em seu mural.
-Quem é essa menina?                                                                       -Qual delas?                                                                                       -Essa aqui, essa puta.                                                              –Julia?                                                                             -Não sei o nome dela, mas conheço ela.                                                            –Como?                                                                           -Essa filha da puta já me torturou.                                         –Como assim? Ela sabe de tudo?                                              -De onde você conhece ela?                                                -Ela estudava comigo no ano passado, mas saiu da escola por um motivo que ninguém conhece, saiu antes de acabar o ano e pediu transferência.                                               –Foi isso o que contaram? Eu matei essa puta. Ela me torturou e teve o destino que mereceu.                                                                            –Isabella... ela era minha amiga, quer dizer, amiga da carol.                              –Se da tanta importância assim pra ela, por que não conta pra Caroline quem você realmente é. Claro que não vai fazer isso ne? Não quer que ela saiba que sua amiga, sua melhor amiga é uma assassina.          
Alexia não era do tipo autocontrole. Ela se fazia de durona, mas no fundo era puro fingimento, ela se machucava, protegia e quando amava, amava mesmo. Ela não queria envolver as amigas nisso tudo e Isabella pensava da mesma forma, se todos ficassem sabendo, seria o fim de suas identidades de meninas normais. Poderiam ser perseguidas e Isabella sabia que aquela história não acabaria bem. Alexia continuou.
-Como você faz pra ser tão... Tão desligada com as coisas, você parece não se preocupar.                –Eu me preocupo, mas não deixo isso me dominar, se chama autocontrole. Nossa espécie pode esconder sentimentos por baixo dos panos e eles acabam não nos dominando. Você sabe... É só deixar o seu lado bom cair. Você já fez isso antes.                                           –Na vez que eu fiz isso, eu matei...                                                          –Sua melhor, ex melhor amiga, eu sei, mas você não precisa desligar completamente, só o suficiente para não sofrer, não se preocupar.                                                  –No meio disso tudo o que está acontecendo? A Sarah sabe quem somos e vai usar isso contra a gente.                                                                                       –Se ela fizer isso, não vera a luz do dia nunca mais. Agora tente, sei que você pode. Pense que se a Sarah fizer alguma coisa contra alguém nós podemos mata-la, e quero sua ajuda pra isso. Pare de se importar um pouco.                                                          –Eu não quero passar por aquilo tudo de novo.                                                                       –Não quer, mas precisa. Você precisa se preparar, não sei por que, mas sinto que algo está para começar.                                                                                                   –Eu também sinto isso.
CAPITULO 3
Horas após as meninas dormirem, algo bateu na janela. Isabella tinha o sono leve e logo acordou, deu um puxão em Alexia e nada, então decidiu se aproximar. Era um homem, um homem alto de pele morena, roupas bem sofisticadas e um corte de cabelo bem engraçado para pleno século XXI. Isabella não o avistara em nenhum lugar antes. Havia algo estranho, eram 6 horas da manhã e muitas pessoas para aquele horário passavam na rua, mas nenhuma delas olhava para o tal homem. Quando ele viu que Isabella o avistara, fez sinal para a menina descer, ainda receosa a loba olhou por mais um tempo até se decidir quando finalmente calçou seus sapatos e desceu as escadas do prédio.
-Chegue mais perto menina.                                                                                     
Isabella se aproximou até estar próxima do homem
-Quem é você?                                                                                         -Uma pessoa que você vai querer conhecer.                                                     –Eu, querer te conhecer?                                                                      -Sei que tens uma amiga adormecida lá em cima, sei que se transforma em um lobo e sei que tu já matou dezenas de pessoas.                                                     –E o próximo pode ser você.
Isabella se aproximou mais, porém percebeu que as pessoas a olhavam. Não para o homem, não para os dois, apenas para ela. Olhavam com uma cara de espanto e Isabella não entendia.
-Tente me matar, vamos, se não atravessar por mim.                                               –Como?                                                                                        -Toque-me.                                                                     
Isabella tocou o homem, mas sua mão atravessou o seu corpo, surpresa seguida de espanto.                             
-O que, o que... como?                                                                                      -Você ainda não percebeu garota. Ninguém pode me fitar, só você. Sou invisível aos olhos de reles mortais. Eu não vivo.                                                                  –E por que aparecer logo pra mim? Por quê?                                                                      -Por que o perigo lhe cerca e eu posso sentir. Por enquanto, apenas grave meu nome, Oswaldo.
*****
Der repente Isabella ouve uma voz chamando por seu nome e desperta de seu sonho.
-Isabella, acorda poha.                                                                                –Então foi tudo um sonho?                                                          -Você chegou a beber alguma coisa enquanto eu dormia? Isso o que?                                                        -Nada, nada, o que vamos comer?                                                               -Mal levantou e já quer falir a minha mãe?
Isabella deu um sorriso meio forçado e as duas partiram em direção a cozinha para comer.    
-Isa, você quer comer o que?                                                         -Posso comer a sua mãe?                   
Alexia percebeu que Isabella tentou fazê-la rir, mas não deu certo, a menina balançou a cabeça em ar de reprovação.
-O mais perto disso que tem é filé mignon cru.                                                     –Você não sente realmente nenhuma vontade de comer, você sabe, carne humana?                         
A menina logo fez que não com a cabeça mas continuou.
-Quer dizer, às vezes, mas isso nunca me controlou como controla você.                          –Você ainda é movida a emoções e é isso que precisa controlar, não o fato de conseguir matar 1, 2 ou 3 pessoas mas sim o fato de que isso não a machuque.                                 -Eu não posso deixar meu lado humano de lado, quer dizer, você sabe, eu tenho medo que isso me domine.                                                                           –Você ainda não percebeu? Isso está te dominando, se aquela garota fizer qual quer coisa contra nós, eu não vou pensar duas vezes antes de fazê-la tomar um banho no próprio suco gástrico, mas e você? Teria coragem de mata-la para nos proteger?
Alexia desviou o olhar e não respondeu à amiga, um longe tempo depois Isabella continuou.
-Ta vendo? Isso já está te dominando, deixe-me ajudar.                                       –E o que você pode fazer por mim?                                                          -Além de te transformar em uma máquina de matar – Isabella riu – Posso te mostrar o que é ser uma lobisomem de verdade, coisa que até hoje você não fez. Você tem habilidades que qual quer um daria a vida para ter e não aproveita.                                      –Bella, eu topo o treinamento e tudo mais, só que...                                       –Você ainda não está pronta para se livrar dos seus sentimentos como eu neh?                    -Não, não estou.                                                                 –Mas tem que ter uma pessoa, uma pessoa pela qual você daria tudo, uma pessoa pela qual você lutaria e mataria para manter a salvo.
CAPÍTULO 4
Passaram-se alguns dias desde o dia em que Isabella fora dormir na casa da amiga e as duas nem se falavam direito, Alexia evitava ficar sozinha com Isabella e assim não tinham tempo de falar dos tais sentimentos. Sarah havia faltado metade daquela semana por algum motivo que ninguém sabia e Caroline continuava falando de assuntos fúteis para Alexia naquele momento. Está certo e a menina sabia que há duas semanas ela adoraria falar do show de sua banda favorita, mas naquele momento, ela não pensava nas músicas, ela pensava no que estava acontecendo, ela não conseguia olhar para Isabella sem pensar em quantas pessoas ela já havia matado ou em quantas pessoas ficaram vivas, feridas por perder uma pessoa querida. Ela tinha medo de se tornar uma daquelas pessoas, uma das pessoas que sofrem por perder alguém, a loba estava em um universo paralelo e der repente foi despertada por um de seus professores favoritos, Flávio, ou melhor, dizendo, Flavão. Todos os chamavam assim pelo seu tamanho que de longe não era nada pequeno.
-Então Alexia, nos responda quanto é x²-4+9.                                           –Bom... Pode ser diferença de quadrados ou um TQP, nesse caso, seria (x+3) (x-3) ou (x-3)       -Tem certeza disso?                                                                         -Tenho, eu acho!                                                                               -Daria sua vida por isso?                                                              -Sim
A aula continuou e quando todos os alunos estavam saindo da sala Flavão chamou a menina.
-Muitas pessoas responderiam que Sim nessa pergunta, mas talvez não tivesse sentido firmeza em nenhum deles assim como não senti em você. Eu fiz uma pergunta que pode parecer idiota, mas iai, pelo o que você morreria por quem você morreria?
Alexia adorava uma coisa no professor ao mesmo tempo em que odiava, ele sempre a deixava sem resposta. O professor saiu da sala, desceu as escadas e entrou na sala dos professores. A menina ainda estava na sala sem reação quando Caroline veio em sua direção.
-O que ele te falou?                                                                          -Nada demais.                                                                       –Você sabe que o Flavão nunca diria algo que não fosse “nada demais” então me diga, o que ele falou?                                                                  -Alguma coisa sobre dar a vida, sobre por quem dar a vida.
A menina parou e olhou pra amiga e continuou cochichando
-Por quem eu daria a vida, por quem eu daria a vida.
Caroline não estava entendendo o que a amiga tinha falado e perguntou.                                    
–Tá tudo bem Alexia?                                                                 -Acho que sim – Falou a menina pausadamente – Eu preciso falar com a Bella, já volto.
*****
Depois de procurar em quase toda a escola, Alexia percebeu que tinha esquecido de procurar no lugar mais óbvio da escola, o banheiro feminino e para sua alegria, era exatamente onde Isabella estava.
-Eu daria a vida, eu daria a minha vida por ele.                                                       –Agora quem bebeu enquanto eu não estava foi você.                                                –Você sabe muito bem do que estou falando, mas antes...                                         –Já sei, já sei.
As duas meninas foram abrindo de porta em porta no banheiro, olhando bem para ver se daquela vez realmente não haveria nenhum intrometido. Depois mudaram os lados e uma conferiu o lado que a outra já havia feito.
-Pronto-Continuou Isabella-Agora me conte, o que foi.                                        –Você sabe muito bem, eu daria a minha vida, você me perguntou naquele dia a pessoa por quem eu daria a vida, meus sentimentos, minha força, por quem eu sofreria...              –Calma Alexia, era só uma forma de incentivo.                                          –Mas então não adianta de nada?                                                      -Claro que adianta, se você tem o objetivo de salvar essa pessoa ou sente que ela está em perigo adianta, você passa a agir por puro instinto e isso inclui desligar seus sentimentos como também a proteger aquela pessoa a todo custo. Mas antes me conte, quem é?
Alexia olhou para o teto, virou para os lados e depois de um suspiro disse.
-Não importa mais. Por que você ocultou sua humanidade, por que quis, por que se livrou dela?                                                                  -Eu não me livrei dela, já disse que apenas o suficiente para não me importar com a perda de outras pessoas já que tive que lidar bastante com isso.                                    –Essa parte da história eu não soube.                                                  –Alexia, você nunca achou estranho o fato de eu nunca ter te apresentado meus pais?      -Não.                                                                          -Pois é, eles não são meus pais verdadeiros, são meus pais adotivos, se é que posso chamar eles assim.                                                      –Você é...
O banheiro lotou de meninas, umas com maquiagem nas mãos e outras com pentes de cabelo então as duas foram obrigadas a sair do banheiro. Depois de passarem pela porta as duas meninas se olharam e Alexia abaixou a cabeça e os olhos como em um gesto de sinto muito.
-Eu já superei, acredite!                                                                             -E seu irmão, a Carol me disse uma vez que você tinha um irmão.                                                             –Podemos mudar de assunto?
Alexia percebeu que Isabella não queria falar sobre aquilo e simplesmente foram andando a caminho da porta da escola até passarem por ela, continuarem juntas por um tempo e cada uma ir pelo lado que daria em seus destinos, infelizmente, ou não para aquele momento.
Alexia foi direto para a casa e pegou seu diário para começar a escrever.
 “Eu fico me perguntando às vezes qual é o verdadeiro significado e sentido da vida. Uns nascem para fazer a diferença, outros nascem para brilhar, outros são assim como eu pessoas que sofrem com suas dúvidas. Confesso que é difícil achar esses outros assim como eu no estado em que me encontro atualmente. A Isabella me contou, faz um tempo, que ela esconde um segredo, o mesmo que o meu. Ela também se transforma, ela também matou, ou melhor, mata pessoas e ela não tem medo de ser quem é como eu tenho como eu me escondo como me oculto”.
A menina deu um suspiro enquanto escrevia e continuou
“Hoje o Flavão me perguntou por quem eu morreria, pelo o que eu morreria e enquanto a Caroline me pressionava para dizer o que ele tinha me dito vieram algumas imagens em pensamento, a imagem de um sorriso, de um par de olhos, de um cabelo, a imagem dele, somente dele e talvez seja por isso, quero dizer, talvez eu tenha achado o real sentido da minha vida, talvez minha missão seja protegê-lo, eu sei que daria a minha vida pela dele”.
*****
Logo depois de sair da escola Isabella estava sentindo uma coisa estranha dentro de si, uma coisa que a deixada para baixo, um sentimento que não sentira a tempo, a menina estava triste e isso a deixava ainda com mais raiva.
-Eu não quero ficar triste-Isabella gritou-Eu não posso, eu não deveria.
Enquanto gritava a um tom que qual quer um que passasse poderia escutá-la um menino passou do seu lado, um menino de cabelos castanhos escuros, pele escura e de olhos escuros. Se ela estivesse bem, o físico do menino seria o suficiente para atrai-la, mas, naquela hora, aquilo não era suficiente para acalma-la.
-Oi!-Disse o menino para a garota-Está tudo bem?                                                            -Não, não está tudo bem sabe por quê? Por que eu estou triste, por que eu estou com raiva e porque eu quero mata-lo.                                                                   
O menino ficou assustado, surpreso e continuou.
-Que você esteja triste eu entendo, mas não deveria descontar em mim, eu só estava querendo ser gentil.                                                                    
Isabella ficou confusa, mas por mais raiva que estivesse sentindo não estava mais com vontade de matar o menino, não queria se transformar na criatura que por mais que por mais que ela tentasse negar, só atrapalhou a sua vida.
-Ta, ta, foi mal ok? Pronto, eu pedi desculpas agora deixa eu ir embora.                        –Não sem saber o seu nome.                                                                              –Isabella.                                                                               –O meu é Leonardo, Leonardo Rangel. Pode me ligar se quiser 9765-8240.                      –Sei que não vou querer.
CAPÍTULO 5
Uma semana de Alexia ter descoberto que Isabella na verdade era adotada, Sarah retornou a escola. Alexia e Isabella ficaram assustadas, mas esconderam o sentimento e tentaram agir com a maior naturalidade possível. Sarah se aproximou na direção das seis meninas (Alexia, Isabella, Caroline, Nicole, Carla e Amanda) que estavam todas juntas.
-Oi gente!                                                                                  -Oi, eu acho-Disse Alexia.                                                                   -Oi Sarah, por que faltou todos esses dias?-Falou Nicole com um ar de dúvida geral no ar enquanto todas as outras meninas balançavam a cabeça em sinal positivo.                                  –Nada demais, só fiquei um pouco doente.                                                  –Você parece muito bem para alguém que suspostamente ficou doente-disse Isabella.     –É o que matar uma semana de aula faz com uma pessoa e não foi SU-POS-TA-MEN-TE, disse a menina pausando a fala sílaba por sílaba.                                                        
O sinal tocou e todas as meninas foram para a sala de aula, Alexia abriu seu fichário, pegou seu estojo e deixou-o sobre a mesa. Sempre sentava ao lado de Caroline, a divertida e fútil Caroline que sempre a fazia rir nos piores momentos, a Caroline que sempre estava de bem com tudo, ou pelo menos, quase sempre como não era o caso daquele dia. Caroline não estava demonstrando nenhum sorriso, Alexia conseguia sentir que havia algo de errado com a sua amiga e não pensou duas vezes.
-O que aconteceu Carol?                                                                  -Nada!
A garota conhecia a amiga tempo o suficiente para saber que seu nada era como um tudo.
-Ahãm... sei... fala logo cara!                                                            -É só que... Desde que começou a andar com a Isabella você me esqueceu, nem tem me ligado ou falado mais comigo.                                                       –Isso é...                                                                                      -Verdade
Ambas fizeram cara de desapontadas e Alexia nem tentou retrucar já que sabia que sua amiga tinha dito somente a verdade.
-Eu sei, sinto muito mesmo, prometo não te esquecer nunca mais, juro de mindinho.     –De mindinho.
As duas estenderam as mãos e entrelaçaram seus dedos mindinhos e falaram ao mesmo tempo.
-Eu juro.
A aula estava rolando quando Alexia estendeu o braço e quando o professor lhe deu a palavra perguntou.
-Posso ir ao banheiro?
O professor balançou a cabeça consentindo e a menina logo desceu as escadas, bebeu água, se olhou no espelho e voltou para a sala por que na realidade não estava com vontade de usar o banheiro e sim sair um pouco daquele universo quase paralelo que vivia na sala de aula. Assim que chegou à sala e olhou em seu fichário tinha um papel, um papel quadrado e pequeno com a seguinte mensagem.
“Encontre-me na hora do intervalo no auditório”.
Alexia não sabia de quem era o papel, mas como a letra era parecida à letra de sua amiga loba, pensou que era algo urgente. Assim que acabou o tempo de inglês que aliais era uma matéria que a menina não gostava nem um pouco, começou a aula de ciências que já era uma matéria mais interessante para a mesma, mas ela não estava com cabeça para a matéria, ela realmente queria saber o que a Isabella queria falar com ela a ponto de escrever um bilhete ao invés de falar pessoalmente. O sinal bateu de novo, mas dessa vez para o intervalo começar. Alexia saiu disparada em direção à porta, quando abriu a porta virou a cabeça para trás e viu Caroline mais uma vez com uma cara de decepção, mas preferiu ir conferir o que Isabella queria com ela ao invés de esperar a amiga. Quando tentou subir as escadas que davam para o auditório, Rogério, que era o inspetor da escola chamou a atenção da garota.
-Alexia, volta.                                                           –É importante, por favor!                                                           -Não. Desce como todo mundo e fique lá em baixo.                                                           
Alexia realmente não queria arranjar briga só subir, a essa altura já estavam todos lá embaixo conversando coisas que a menina preferia realmente não ouvir. Quando der repente ela viu que o inspetor estava lá embaixo e subiu as escadas em disparada até finalmente chegar ao auditório. A garota entrou na sala que era enorme e escura com várias carteiras e fechou a porta.
-Isabella, cadê você poha? Fez eu vir aqui atoa?                
Uma sombra surgiu passando rapidamente pela parede pouco iluminada pela brecha da janela do auditório, poucos segundos depois a situação se repetiu, mas dessa vez a menina avistara a sombra e inconscientemente deu um passo para trás.
-Isabella, é você caralho? Para de tentar me assustar, vai ter volta.                                                                                                                                                                                                 
As sombras pararam e der repente quem apareceu atrás da garota não foi mais uma coisa e sim uma pessoa.
-Oi, Alexia!                                                                 -Sarah, o que, o que está fazendo aqui? – Disse a menina já em um tom nervoso -                         -É engraçado como as pessoas não são o que parecem ser, é impressionante como certas pessoas tem habilidade para esconder quem, ou melhor, o que realmente são.                  –Do que você está falando?
Por mais que a pequena loba soubesse exatamente do que ela estivera falando precisava tentar desviar o assunto.
-Você sabe muito bem do que eu estou falando. Você é uma LOBO, é simples.
Disse Sarah fazendo a palavra lobo sair quase gritada de sua garganta.
-Não é verdade, do que está falando? Não te entendo.                                        –Vai fazer esse joguinho? Ótimo, vou sair pela aquela porta mesmo e contar para a escola toda o que eu sei.                                                                –E você acha que alguém vai acreditar nessa história absurda?                             -Quer pagar pra ver? – Disse a menina já dando meia volta em direção à porta e a abrindo.     –Espera. O que você quer?                                                                    -Eu? Eu não quero nada de você, será que ainda não entendeu isso?                            -Então por que está fazendo isso tudo? Por quê?                                        -Por que eu quero ser sua amiga, não é simples?                                          -Não, você quer desfrutar disso tudo.                                               –Eu? Desfrutar?
Sarah soltou uma gargalhada forte.
-Garota, se toca você não é a única sobrenatural aqui.                
Alexia fez uma cara de desentendida enquanto Sarah deu um passo para longe da loba virada para a janela. A garota estendeu as mãos e fez um pequeno movimento ao mesmo tempo em que as cortinas se abriram. Alexia não estava mais entendendo nada.
-Como?                                                                              -As coisas são tão simples, mas as pessoas complicam tanto sabe? Você é uma loba e eu sou uma bruxa.                                                                 –Bruxa? Isso é impossível.                                                       –Disse à menina que se transforma em um ser peludo, feroz e que se alimenta de carne, carne humana, que dá longos saltos a distância, que pode desligar sentimentos e que é cientificamente impossível.                                                                  –Eu não me alimento de carne humana.                                              –Mas com certeza já feriu alguém.                      
Alexia desviou o olhar com medo de encarar a bruxa e entregar a verdade.
-Você já matou uma pessoa, é isso! Você matou uma pessoa e se arrepende disso.            –Não fui eu foi a...                                                             –A maldição? Ela está dentro de você, ela é você. Agora me diga, quem foi?                 -Por que te diria isso garota?                                                    -Porque eu estou do seu lado, porque quero te ajudar. Não é o suficiente?                    -Não importa mais, não importa quem só me interessa saber como.                        –Como? Como o que?                                                           -Como você pode me ajudar.                                                     –Você nunca sentiu uma vontade de sair por ai matando pessoas, uma vontade de matar uma das pessoas que você mais se importa por pura raiva ou simplesmente devorar alguém?                  
Novamente a menina desviou o olhar com medo de entregar a verdade.
-Como sabe disso?                                                                  -Eu já conheci outra pessoa de sua espécie, ela era muito próxima a mim.                               –Próximo quanto?                                                                           -Éramos irmães...                                                                                 –Eram? O que aconteceu Sarah?                                                        -Ela foi assassinada, mataram ela, simplesmente... mataram.                                   –Quem fez isso?
Sarah olhou para baixo e para os lados e continuou.
-Ninguém sabe.
Alexia deu um passo em direção à bruxa e a abraçou então Sarah disse.
-Está tudo bem, não se preocupe, mas eu posso te ajudar se você quiser.                          –É que, eu não preciso de ajuda e se precisar tenho a Isabella só que quero te agradecer mesmo assim.                                                                        
Sarah ficou em silêncio por um tempo até que sussurrou
-Ela também não queria minha ajuda, ninguém quer.
A bruxa foi andando em direção à porta
-Calma, não é isso, é só que...                                                                –O que? Não confia em mim? Eu já não te dei provas que você pode confiar? Eu te contei meu segredo e não espalhei o seu.                                                –É, você está certa. Desculpas, mas por enquanto não preciso de ajuda. Não gosto desse meu lado escuro.                                                                                  –Mas eu posso te ajudar exatamente com isso, você não se machuca para se transformar, mas também não sabe usar seus poderes.                                              –Poderes? Poderes devem ser legais, algo assim como x-men, isso é uma maldição, é um monstro.                                                                                           –Sabe quantas pessoas no mundo dariam tudo para estar no seu lugar?                             -Não, as pessoas não querem estar no meu lugar, as pessoas querem estar no lugar do Jacob ou de alguma personagem linda que se transforma em um animal fofo e simpático que de longe não é o meu caso Sarah, se liga.                                                        –Talvez esteja certa, mas mesmo assim insisto em treinar com você. Eu posso te ajudar, apenas permita.                                                                   –Uma vez, apenas uma vez, se eu não gostar não faremos nunca mais só que você precisa me prometer duas coisas.                                                         –Fala.                                                                         –A primeira é que a nossa amizade continua.                                                   –Prometo.                                                                     –E a segunda é que a Isabella não pode saber de nada.                                              –Eu prometo.
CAPÍTULO 6
Alexia e Sarah passaram dias e mais dias grudadas. Alexia quase não falava mais com Caroline e muito menos com Isabella. Caroline estava cada vez mais triste com sua amiga. Passavam semanas e mais semanas e Caroline se sentia cada vez mais excluída, Alexia já havia ido praticar com Sarah duas ou três vezes e tinha gostado e isso as tornava cada vez mais próximas, Alexia estava aprendendo a controlar seus sentimentos e isso era bom. Caroline e Isabella sentiam ciúmes, mas não por Alexia estar junto da Bruxa e sim por saberem, principalmente Isabella, quem era realmente a Sarah.
CAPÍTULO 7
Já estava de noite, uma noite fria e chuvosa. Isabella sonhou mais uma vez com o tal homem chamado Oswaldo que Isabella insistia que era apenas uma alucinação momentânea, não era. Dessa Vez o homem foi até sua casa, em seu portão.
-Isabella, está ai?                                                           -O que você quer Sr.Alucinação?                                                                         -Já disse que meu nome é Oswaldo.                                                           –Claro, e o que importa isso? No que vai me ajudar saber o nome de um personagem do meu sonho?                                                                                   -Tão esperta para umas coisas e tão burra para outras. Quem disse que esse é o seu sonho? Quem disse que é apenas um sonho?                                                -Eu estou dormindo e nada disso é real então sim, é um sonho.                                   –As coisas reais, as ideias, as metas, as realizações, na maioria das vezes vem do sonho, mas agora você só precisa saber que eu jurei te proteger e é isso que vou fazer. Procure o Flávio Almeida.                                                                                –Flavão? Ele é só meu professor de matemática, em que vai ajudar?                          -Nem tudo o que parece é.
CAPÍTULO 8
No dia seguinte, por coincidência Isabella tinha aula com o tal professor que tanto precisara falar só não sabia ao certo o que, nem por que. Muitos a taxariam de louca por tratar de um sonho como algo real, mas aquela altura Isabella sabia que tudo era possível, a garota se transformava em um ser que eram tratados como fictícios, um ser que desafiava as leis do homem e da física o que mais poderia ser irreal, mentira, alucinações? A garota não se importava mais e preferiu seguir seu instinto, foi a escola, encontrou Alexia, mas de novo não se falaram muito. Alexia fugia e Isabella sentia isso, ela tinha medo do que Isabella podia fazer ou em quem sua amiga podia torna-la. Por mais que gostasse de Isabella não queria acabar como ela matando pessoas sem pena, sem preocupação, queria ter amigas verdadeiras, sentimentos bons e puros e se o sofrimento tivesse que vir junto, que fosse feito assim. Alexia não ligava mais, preferia sofrer a se tornar um ser desprezível.
Isabella entrou na sala e assistiu às aulas ansiosa já que a sua aula mais esperada era apenas no último tempo. Isabella estranhou o fato de Caroline estar sentada distante de Alexia e perto de Nicole e estranhou ainda mais o fato de Alexia estar sentada ao lado de Sarah, mas não apenas sentada ao lado, as duas se comportavam como se fossem melhores amigas e isso para a loba já era demais. O intervalo passou e ainda faltavam algumas horas antes da aula acabar, o tempo de geografia já estava chato com a mesma coisa de sempre, fome, falta de água, África, Ásia, aquilo enxia o saco de todos, não somente de Isabella. A garota não aguentava mais tanta baboseira quando abaixou a cabeça, fechou os olhos e dormiu na aula, dessa vez ela não sonhou, mas ela memorizava uma frase sem parar “Nem tudo o que parece é”. Isabella ficava se perguntando qual era o verdadeiro sentido daquela frase mais suas respostas estavam mais perturbadas e vazias do que aquela aula de geografia que finalmente tinha acabado. Isabella levantou a cabeça e ficou a espera de Flavão, passaram-se alguns minutos e o professor entrou na sala. Depois de muitos números e contas que Isabella não conseguia se concentrar o sinal finalmente bateu e foi quando todos os alunos se retiraram da sala quando Flavão já estava saindo da sala à menina respirou fundo
-Flavão, espera.                                                                         –Oi Isabella, pode falar, o que houve.                                                             –Eu não sei bem, quer dizer, é confuso.                                               –É só falar, é alguma coisa haver com matemática?                                -Na verdade não, é algo haver comigo, ou melhor, com você.                                 –O que tem haver comigo de tão importante?                                              -É ai que esta, eu não sei.                         
Flavão riu enquanto Isabella tinha um ar confuso
-Como é que você quer falar comigo algo que nem mesmo você sabe?
Isabella permaneceu em silêncio
-Até semana que vem e se já tiver descoberto algo pode me procurar.
Flavão virou, Isabella tinha um ar totalmente confuso. Quando Flavão já havia passado da porta e já se encontrava do lado de fora Isabella novamente segurou o ar e deu um grito não muito alto com um tom firme.
-OSWALDO.                                                                  
Flavão se virou rapidamente com uma cara de espanto.
-O que você disse? Repete esse nome.                                              –Oswaldo.                                                               –De onde você tirou esse nome?                                                    -De um sonho.
Isabella virou a cabeça e completou com um cochicho
-Eu acho que era um sonho
Flavão não conteve a cara de espanto.
-Ele te procurou? O que ele te disse?                                              -Você conhece ele? O que sabe sobre ele?                                               -O que ele te disse?                                                            -Que eu corria perigo e que era pra eu te procurar, mas... Ele também me falou que só sobrenaturais podiam vê-lo. Quem você é?                                                    -É uma longa história Isabella.                                                               –Eu tenho tempo.
*****
-Aconteceu há muito tempo atrás, 10 anos. Eu tinha perdido tudo, meus pais, minha mulher, minha filha e não sabia como até ser achado por um bruxo.                        –O Oswaldo?                                                                             -Sim, o Oswaldo. Ele me salvou de ser assasinado por um vampiro como toda a minha família.                                                               –Mas como assim, vampiros existem mesmo?                                             -Existem, mas diferente do que dizem os filmes os vampiros não se transformam apenas mordendo uns aos outros, o feitiço de um bruxo poderoso é suficiente para criar um vampiro, um vampiro mais forte e poderoso do que os normais.                           –E esse bruxo era ele?                                                           -Ele criou um vampiro chamado Lubert, era como um filho pra ele até sair do controle. O menino foi criado com todo amor que Oswaldo podia dar para um filho, mas quando o vampiro começou a sentir necessidade de sangue e a matar pessoas, Oswaldo não o apoiou e fez um feitiço para o garoto ficar imóvel, dois séculos anos depois Lubert acordou e fugiu com uma fome de duzentos anos, ele começou uma matança sem controle nos anos 90 até o começo do ano 2004 que foi quando o garoto achou uma vila onde morávamos eu e minha família. Ele era um verdadeiro obcecado por matar, humanos ou animais, ele tinha prazer em ver o sofrimento das pessoas.                   –Eu sinto muito.                                                                –A história não acaba por ai. Quando ele achou a casa em que eu vivia com minha família já ouvíamos gritos e naqueles anos éramos alertados para ameaças sobrenaturais.           –Todos sabiam dos vampiros?                                                     -E das bruxas e dos lobisomens.                                                    –Por que nunca ouvi falar sobre isso?                                            -Por que a informação não chegava ao ouvido de todos, na maioria das vezes apenas pras pessoas que viviam para o interior que eram onde os vampiros mais gostavam de atacar. De onde você acha que veio o filme Drácula, por exemplo? A arte imita a vida. Os vampiros não podem entrar em casas sem pedir permissão, os vampiros não podem andar sobre a luz do sol, exceto os criados por bruxas esses são como seres-humanos com poderes especiais, eles podem andar sobre a luz do sol e tem mais força do que um vampiro que foi criado sendo mordido, mas toda história tem seu lado ruim, todo vampiro criado por um bruxo tem mais sede de sangue do que um vampiro comum e com ele não era diferente. Ouvíamos gritos e nos escondíamos quando der repente algo bateu a nossa porta, era ele. Não abrimos a porta, não nos mexemos, nem lembro se estávamos respirando, mas quando a porta foi derrubada sem muito esforço soube que aquele seria o nosso fim. Ele foi andando em direção a minha filinha.
Flavão já estava com os olhos cheios de lágrima enquanto contava a história.
-Flávio, você não precisa.                                                        –Não, eu preciso, eu tenho que fazer isso. Quando ele foi andando em direção a minha filha eu sai de onde estava e implorei para que ele a soltasse, ele não a soltou, não sentiu pena nem dó e só segurou meu pescoço e me jogou pra longe. Os caninos dele cresceram e foram enfiados no pescoço da minha filha, minha linda filinha. Foi quando ele a soltou e o corpo dela caiu no chão que minha mulher deu um grito, ele se virou, correu em direção a ela, mas não como um humano correria, eu nem conseguia acompanhar seus pés. Ele pegou minha mulher pelo braço e mordeu seu pescoço em uma velocidade tão rápida que qual quer olho humano não conseguiria acompanhar. Depois ele foi a minha direção e quando já estava com o pé em cima da minha cabeça colocando uma força sobrenatural que realmente parecia que ia esmaga-la, o Oswaldo apareceu. Ele levantou as mãos e falou umas palavras em húngaro - Hogyan fog megkövezni. E eu, sem saber o que estava acontecendo, der repente vi aquele ser que arruinou a minha vida virar pedra. O homem que havia aparecido e salvo a minha vida foi em minha direção e estendeu a mão para mim. Muitos chamariam de sorte, outros poucos de azar e eu acho que me encaixei no time dos poucos. Eu queria ter morrido, queria ter encontrado minha filha e minha mulher naquele lugar que chamam de paraíso. Depois de estender a mão para mim ele disse – Meu nome é Oswaldo, não precisa fica com medo, vou lhe ajudar. E foi exatamente o que ele fez, como o único sobrevivente daquela vila eu fui levado por ele para um lugar mais seguro, ele pegou o corpo de seu filho e jogou de uma montanha que dava em um rio vendo a pedra em que havia transformado o vampiro se quebrar no meio do caminho. E depois disso tudo ele me disse que eu teria uma vida normal, que viraria um professor de matemática, mas que me transformaria em um ser mágico, caso ao contrário não poderia se comunicar comigo. Eu perguntei por que não poderia me comunicar com ele já que ele estava bem na minha frente mesmo eu sendo um humano e ele não respondeu depois de fazer um feitiço para me transformar em um ser mágico ele disse apenas o nome da escola que eu daria aula e que um dia eu precisaria ajudar uma pessoa, uma loba. Quando te vi pela primeira vez esse ano, não sei como, mas soube que você era ela só que, desculpa, eu não quero mais isso pra mim. Eu já perdi a minha família por causa de seres sobrenaturais e apesar de ser um, eu não mato pessoas nem preciso de sangue para me alimentar então Isabella, desculpas.
Flavão ainda estava com o rosto coberto de lágrimas.
-E você, você disse que não mata pessoas nem se alimenta de sangue, que tipo de sobrenatural você é?                                                        -Eu sou um mago.                                                                            –Um bruxo?                                                                                 -Não, o bruxo sempre é mais poderoso que um mago, enquanto as magias estão dentro do bruxo o mago apenas sabe fazer algumas.                                   -Mas por que Oswaldo te transformou em um mago? Por que eu vejo ele agora?            -Por que ele morreu, ele se matou depois de fazer o feitiço e me contar o resto da história, disse que assim ia ser mais seguro para todos.                                     –E por que só agora ele voltou, por que?                                                    -Pensa garota, ele te disse que você corria perigo e ele é um bruxo.                            –Na verdade, ele não disse que só eu corria perigo.                               –Quem mais?                                                              -A Alexia.                                                                        –Então é essa a sua missão, você precisa protegê-la.                                     –Essa é a sua missão, você foi transformado para proteger uma loba que precisaria de ajuda.                                                                            –Como já disse, não quero me meter nisso, quero continuar sendo apenas o bom e velho Flavão que ensina matemática no 8º ano.
Flavão se virou, desceu as escadas e foi pra casa enquanto Isabella era a única ainda na escola e permanecia imóvel, desorientada.
CAPÍTULO 9
Alexia estava no pátio da escola quando der repente Sarah chegou por trás tampando os olhos da lobinha.
-Ai que susto Sarah.                                                               –Tá devendo é?                                                                 -O que você acha?
Alexia deu um sorriso forçado.
-Calma. Só vim te chamar pra sair comigo hoje depois da aula.                                   –E vamos fazer o que?                                                               -Uma trilha.                                                                    –Com quem?                                                                         -Sozinhas ora. Quero te mostrar as habilidades que você tem e faz tanta questão de esconder, eu prometi que iria te ajudar e vou.                                                  –Que horas?                                                                       -Eu passo na sua casa para te buscar, agora está na hora da aula começar.                                                             
As duas meninas passaram do pátio para o corredor e logo depois entraram na sala de aula. Miguel chegou à sala e Alexia não conseguia conter os olhares que lançava ao professor, passara a aula suspirando por aqueles olhos e aquele cabelo que por Deus, eram lindos. Passaram-se 50 minutos e o tempo de artes acabou, foi quando o intervalo começou e diferente do normal Miguel ficou mais tempo na sala de aula. Alexia não queria sair do local, queria ficar ali o máximo de tempo possível para fitar Miguel e foi quando Sarah percebeu que algo estava errado já que sua amiga sempre saia logo que o sinal tocava.
-Alexia, vamos?                                                                 -Pera, tenho que achar o dinheiro.                                                           –Mas você me disse que não trouxe dinheiro hoje.                                              –Eu falei dinheiro? Na verdade é o meu livro.                                                         –Qual deles? Me diz que eu te empresto o meu.                                        
Miguel saiu da sala sem dizer uma palavra depois de colocar todas as canetas no quadro dentro do estojo.
-Deixa pra lá, não quero mais.
Sarah era ligada em tudo o que acontecia ao seu redor, ela precisava ser.
-Alexia! – Disse Sarah em tom de exclamação. –Você está gostando do Miguel? O professor?                                                                               -Não, claro que não.                                                              –Sim, claro que sim. Você não sabe mentir cara. Meu Deus, não acredito, você está gostando do professor.                                                                  
Alexia desviou o olhar, mexeu no cabelo, abaixou a cabeça.
-É tão ruim assim?                                                                   -Não, claro que não, no ruim no ruim você achou seu ponto forte.                              –Ou fraco.                                                                      –Você precisa focalizar seus sentimentos nele. Esqueça o resto e focalize todos os seus sentimentos em um só.                                                                           –A trilha ainda está de pé?                                                             -Claro, agora então, ficou ainda mais fácil te ajudar.
CAPÍTULO 10
Sarah ligou para Alexia quando já estava escurecendo.
-Vamos, estou aqui embaixo.                                                         –E o que vou falar pra minha mãe?                                                     -Nada ué, é só sair.                                                               –Mas não é perigoso?                                                           -Você é uma lobisomem, jura que acha uma trilha de noite perigosa?                                             -Ta, estou descendo.
Alexia abriu a porta e desceu as escadas, como sua mãe estava fora e só ia voltar no dia seguinte não viu problemas.
-Oi Sarah.                                                                   –Oi Amiga.                                                                    –Ué, cadê seu carro?                                                                      -Carro? Você acha que eu vim de carro? Cara se liga, eu sou uma bruxa.                                                              –E... O que isso tem haver?                                                                           -Nunca ouviu falar em tele transporte?                                                           -Você consegue?                                                                -Claro garota agora só fique mais próxima de mim.
Sarah balançou as mãos e disse umas palavras que Alexia não conseguira entender, sem perceber as duas meninas estavam em um lugar completamente diferente com árvores em todo lado e escuro.
-Iai Alexia, preparada?                                                               -Pra que?                                                                        -Pra virar loba poha, para de se fazer de desentendida.                                     –Ta Sarah, mas acho que não estou pronta.                                             –É pra isso que você deve se transformar, precisa estar pronta.                             –E como iremos nos comunicar? Quando estou transformada só me comunico com outros da minha espécie.                                                            –Eu dou as comandas e é só você falar sim ou não e, por favor, pense com carinho.
Alexia começou a fazer força e a suar frio, seu corpo de encheu de pelos e pouco tempo depois estava uivando. A loba fez um sinal de Não com a cabeça e logo depois a abaixou.
-Primeiro Alexia, você precisa parar de se importar. Quero que me morda, agora.
Alexia fez que não com a cabeça.
-Não se preocupe você não pode me matar, eu sou poderosa. Me morde, você precisa aprender a não se importar.
Mas você disse que eu não precisava desligar.
-E para não desligar você só precisa se importar menos, confia em mim.
A loba deu um passo em direção a bruxa e mordeu seu braço com uma força sobre humana. Sarah fez uma cara de dor e disse continua. Alexia não quis parar, por um momento pensou em matar a amiga.
-Para. Você precisa saber parar para poder ter controle sobre você mesma.                         
Alexia não parou, ela não conseguia parar. Sarah levantou o outro braço que não estava sendo mordido e fechou a mão com força. A loba caiu, fez uma expressão de dor, seu cérebro estava queimando, mas foi por um curto tempo.
-Eu disse que você não podia me matar agora vá com calma.
Alexia parou de sentir dor e logo voltou a sua forma humana novamente. A menina falou gritando.
-Eu disse que não conseguia, eu podia ter te matado.                                                      –Já disse que você não pode me matar, eu sou poderosa, mas esse é um bom começo para você ver que sim, você sente vontade de carne humana.                                                               –Eu sei que sinto, mas não quero isso pra mim, chega!                                       -Você precisa controlar isso.                                                     –E se eu não quiser caralho, a vida é minha, eu posso fazer o que quiser.                            –Tudo no seu tempo, se você não está preparada eu entendo agora pense que o Miguel está correndo perigo, o que você faria?                                              
Sarah se aproximou de Alexia e tocou na cabeça da menina, a bruxa queria fazer com que Alexia visse imagens e fazer também com que aquilo despertasse seu instinto. A loba fechou os olhos e viu Sarah ferindo Miguel, viu Miguel sofrendo, aquilo era demais para a garota.
-Para! – A garota deu um grito que era como uma ordem seguida de um sofrimento.
Sarah continuou mostrando as imagens na cabeça da loba quando foi surpreendida. A menina deu um passo pra trás e mais um grito, dessa vez de dor. Nunca tinha se transformado tão rápido quanto daquela vez. Em sua forma sobrenatural a loba soltou um rugido e foi com toda a sua força pra cima de Sarah quando derrubou a bruxa no chão. Sarah começou a rir e Alexia sem entender voltou ao seu estado normal.
-Não mexe com o Miguel, não brinca com meus sentimentos por ele ouviu?                -Ai, que medo da lobinha apaixonada.                                                –Me leva pra Casa Sarah.                                                                 –Ai amiga, desculpas, estou apenas tentando te ajudar poxa, desculpas.                      –Eu sei disso, mas não meche com o Miguel, eu gosto muito dele e não quero vê-lo sofrendo. Eu demorei muito tempo para contar a alguém que eu gosto dele e agora que isso aconteceu, não quero me machucar.                                                        –Você nunca contou a ninguém?                                                                            -Não.                                                                       –Nem a Caroline sabe?                                                                                             -Não, não tive coragem de contar.                                                  –Você ta certa, ela não te apoiaria e ainda riria de você, mas eu não vou fazer isso.            –Você acha realmente que ela não ficaria do meu lado?                               -Achar? Eu tenho certeza. Até parece que você não sabe como a Caroline é.            –Podemos andar um pouco?                                                        -Claro!
CAPÍTULO 11
Depois de irem a trilha, as duas meninas voltaram para as suas casas e seus pais não desconfiaram de nada.